quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

A violência na atualidade e suas idiossincrasias

O grande problema da atualidade consegue atingir indivíduos em diferentes níveis e classes sociais. A violência encontra-se disseminada; são assaltos, homicídios, estupros, depredações, e, onde à primeira vista deveria ser o lugar mais seguro e acolhedor, é onde está a acontecer os maiores abusos e violações de práticas anti-sociais. São nos lares que estão acontecendo toda uma série de condutas criminosas que assustam cada vez mais; espancamento de mulheres e crianças, abusos e explorações de toda forma, inclusive as sexuais. Jock Young (2002, p. 67) nos diz que “O crime, ou desvio, não é uma coisa ‘objetiva’ (grifo do autor) que lá está, mas um produto de definições socialmente criadas: o desvio não é inerente num item de comportamento, mas é aplicado a ele pela avaliação humana.”
Vemos que a idiossincrasia da violência nos indivíduos da atualidade não é um fenômeno meramente da violência deflagrada nas ruas, nas favelas, nas penitenciárias e até nos estádios. Não é somente um ato tétrico de desamor entre os seres humanos; não se configura somente nos assaltos, seqüestros, chacinas e espancamentos gratuitos justificados como preferência de um time ou lugar. É, sobretudo um fenômeno psicossocial com uma sucessão de fatores e suas conseqüências. Essa violência estigmatizada pela falta de segurança nas ruas, pelo enorme abismo que aumenta a cada dia entre ricos e pobres, entre ignorantes e cultos, entre bons e maus; possui um fator preponderante que está submerso na aparência da criminalidade e violência e em suas tentativas de abrandamento. Essa violência está oculta e gerando enormes conflitos em todas as representações sociais da modernidade; é a falta de emprego na sociedade capitalista e apelativa para o consumo exagerado onde se é melhor e mais aceito quando se tem mais, quando se é mais atraente, mais rico e bem sucedido; onde a família não pode fornecer parâmetros de conduta e aceitação das normas porque está falida, visto não se constituir em uma estrutura monoparental com limites e normas bem definidos. Essa desvalorização ao máximo do outro, essa concorrência desleal; esse aprofundamento das diferenças sociais e culturais, a corrupção e falta de decoro e atitudes éticas nas instâncias de administração pública, fomentam esses conflitos externos que possuem determinantes efetivos nos conflitos internos. Como nos diz Cancelli (2001, p. 95):
[...] procurava-se uma simbiose entre a ciência e o Direito, a fim de que a ciência pudesse responder às indagações sobre os supostos segredos íntimos da personalidade do criminoso em todas as fases do ciclo judicial: a instrução, o julgamento e a execução. Ou que apontasse os fatores determinantes de delinqüência: a hereditariedade, a constituição biológica, as anomalias de inteligência e caráter, as psicopatias, a epilepsia, as intoxicações, os traumatismos, as doenças infecciosas, as anomalias físicas ou a ação do meio social.
Nessa interdisciplinaridade entre ciência que estuda o comportamento humano e ciência que erige regras para essa conduta; vimos que as normas, as leis, e o próprio judiciário, sente a cada dia a necessidade de conceitos e determinações psicológicas para instauração da norma, da efetiva sanção para as causas do crime e da violência. Ou seja, partir da análise do criminoso para entender o crime.
Na atualidade: “O direito penal, [...] obedecendo aos princípios do respeito à pessoa e liberdades humanas, revela a preocupação da autoridade judicial em considerar com polidez e senso mais humanitário os criminosos” (Foucault, 1987). Podemos nos perguntar se essas mudanças realmente tornaram a sociedade atual mais justa, humanitária, e com mais igualdade na oferta dos direitos e deveres aos cidadãos que procuram respeitar os códigos morais, para uma saudável convivência em sociedade.

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